Para entender (e amar!) Pedra Azul

publicado por Tiago dos Reis em 19 de agosto de 2015
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Foto: Yuri Barichivich (www.yuribarichivich.com)

Para nós, capixabas, não há dúvida: Pedra Azul é o principal destino turístico de inverno do Espírito Santo. Embora o que se convencionou chamar de Montanhas Capixabas não se restrinja a ela (lembro aqui que Santa Teresa também faz parte das nossas montanhas), é inegável que há uma aproximação quase automática entre a região serrana e Pedra Azul.

Mas, afinal, o que é essa tal de Pedra Azul?

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A pergunta pode parecer óbvia para quem mora aqui no Estado. Mas não é para quem vem de fora. Recebo muitos emails de leitores perguntando se dá pra visitar Pedra Azul e Santa Teresa no mesmo dia (não, não dá!!!!). Foi pensando nisso que eu resolvi explicar didaticamente Pedra Azul para o turista “forasteiro”, tal qual eu fiz com Santa Teresa. É mais uma contribuição que eu dou para mostrar que o turismo do Espírito Santo vai muito além das praias. 😉

Veja as minhas sugestões de hospedagem em Pedra Azul aqui

Tecnicamente, o nome Pedra Azul é usado em 4 acepções mais comuns:

a) a primeira delas é a mais óbvia: Pedra Azul é o nome do conjunto rochoso mais famoso do Estado.

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Muito provavelmente, você já viu foto dela em algum cartão postal do Espírito Santo. A Pedra Azul tem 1.822 metros de altitude e é especialmente conhecida por essa saliência em forma de lagarto que parece subir a pedra.

Pedra Azul

Reza a lenda que o nome se deve à coloração azulada que a pedra adquire em determinadas horas do dia em função da radiação solar. Mas eu confesso que nunca a vi azul.

b) a segunda acepção diz respeito ao parque estadual que se criou para proteção do bioma predominante na Pedra Azul: o Parque Estadual da Pedra Azul. Devido ao clima montanhoso e úmido, a vegetação local é riquíssima e cheia de espécies endêmicas de orquídeas e bromélias. E para proteger tudo isso o Governo do Estado criou o parque em 1961.

Parque Estadual Pedra Azul

A portaria do parque

Ao todo o parque tem 1.240 hectares. Uma pequena parte está aberta à visitação e pode ser percorrida através de trilhas guiadas (veja mais informações aqui).

Pedra Azul

A visão do “lagarto” na subida da trilha

c) outra acepção possível é também o distrito de Pedra Azul (que, na verdade, se chama Aracê), que fica bem pertinho do parque e integra o município de Domingos Martins. Oficialmente, Pedra Azul – e aqui eu me refiro indistintamente à pedra, ao parque e ao distrito – está no território de Domingos Martins, a mais famosa das cidades serranas. Mas se engana quem pensa que é fácil visitá-la a partir da sede da cidade. Não é. Ela está distante cerca de 40 km da sede, cujo acesso se dá pela movimentada, sinuosa e lenta BR 262.

Pedra Azul

O distrito de Pedra Azul

É por isso que, do ponto de vista turístico, o distrito de Pedra Azul (Aracê) é autônomo em relação à cidade de Domingos Martins (e até hoje há uma luta pela emancipação política da região). E para quem deseja aproveitar ao máximo as atrações de Pedra Azul sem se preocupar com o tráfego da BR, hospedar-se na sede do município não é lá uma boa opção.

A Pedra Azul “distrito” é quase uma vila, de tão pequenina. E, verdade seja dita, não há nenhum apelo arquitetônico que faça valer a visita até lá. Por isso que, apesar desse pequeno aglomerado urbano, o turismo de Pedra Azul é essencialmente rural. Não há um centrinho aglutinador que sirva de referência para os turistas, como há em Santa Teresa, por exemplo. O que há são atrações naturais e estabelecimentos turísticos (em sua maioria, de natureza rural) espalhados por toda a região.

Pedra Azul

O distrito só lhe será útil para duas coisas: abastecer o carro (aí está o posto de gasolina mais próximo) e sacar dinheiro (há postos de antedimento do Banestes, Caixa e Sicoob). E não custa lembrar: é bom levar dinheiro ou cheque. A situação já está mudando, mas ainda há vários estabelecimentos que não aceitam cartão de crédito/débito.

d) por fim, em sua acepção linguística mais comum, Pedra Azul se refere à micro-região turística que cresceu e se estabeleceu no entorno da pedra e do parque. É geralmente a isso que o capixaba se refere quando fala que vai pra Pedra Azul… mesmo que tecnicamente ele se hospede numa pousadinha de Venda Nova do Imigrante. 😛

Pedra Azul

Na verdade, a região turística de Pedra Azul não obedece à geopolítica local. Ela tem o seu epicentro no grande triângulo imaginário formado, em seus lados, pela intersecção da BR 262 com a Rodovia Estadual 164 e, em sua base, pela chamada Rota do Lagarto (sobre a qual falarei no próximo post). Mas não seria nenhum despautério turístico incluir aí os estabelecimentos do agroturismo de Venda Nova, cuja sede está a apenas 10 km de Pedra Azul.

Pedra Azul

Logisticamente falando, a dobradinha Pedra Azul + Venda Nova é bem mais viável que Pedra Azul + Domingos Martins.

Nesse triângulo imaginário se estabeleceu o maior número de pousadas e restaurantes por metro quadrado das nossas montanhas.  Me arrisco a dizer que essa vis attractiva foi gerada pela confluência de 3 fatores principais: a beleza natural da região, a herança cultural da imigração européia e a atividade criativa dos proprietários rurais que fizeram do agroturismo a mola propulsora da economia local. Esse é basicamente o mix de ingredientes que faz de Pedra Azul um dos maiores e mais bem preparados destinos turísticos capixabas (embora ainda pouco conhecido fora do Estado).

Foto: Yuri Barichivich (www.yuribarichivich.com)

Foto: Yuri Barichivich (www.yuribarichivich.com)

A beleza natural de Pedra Azul deve muito à preservação da mata atlântica local. Tá certo que a cobertura verde já foi mais extensa e tem diminuído ano a ano pelas mãos da especulação imobiliária e da falta de compromisso do poder público municipal (alô, Prefeitura de Domingos Martins!!! leia mais sobre isso aqui e aqui). Mas, especialmente no entorno do parque, a exuberância da mata chama atenção.

Pedra Azul

Sobre o legado da imigração européia nas montanhas capixabas eu já falei várias vezes aqui no Rotas quando contei sobre a origem de Venda Nova e Santa Teresa. Pedra Azul está bem no meio da região que, no final do século XIX e início do século XX, recebeu correntes de imigrantes europeus vindos, principalmente, da Itália e Alemanha. Por isso você vai encontrar diversos elementos desses dois povos na formação da cultura local, especialmente na gastronomia.

Pedra Azul

Marietta Delicatessen

Já o agroturismo dispensa comentários. Aquilo que eu falei sobre Venda Nova se aplica indistintamente a Pedra Azul, que, nesse ponto, é praticamente uma extensão da primeira.

Pedra Azul

Penhazul Morangos Orgânicos

Em Pedra Azul o que não falta é opção de propriedades rurais para você visitar!

Além desses três fatores, dois outros contribuem para o carinho especial do capixaba por Pedra Azul: o clima ameno e a incrível proximidade da capital. A altitude média da região fica em torno de 1.000 metros, fazendo com que as temperaturas caiam para baixo dos 10 graus no inverno. Por outro lado, são apenas 80 km de Vitória pela BR 262. Como se diz por aqui, é muito rápido e fácil fugir do calor de 40º das nossas praias para curtir um friozinho “europeu” nas nossas montanhas! 😉

Pedra Azul

Para quem é de fora, é perfeitamente possível conhecer Pedra Azul a partir de um bate-volta desde Vitória, como eu sugeri nesse post. Mas o ideal mesmo é reservar um final de semana para aproveitar ao máximo as atrações que a região oferece. Boa parte delas já foram comentadas aqui no Rotas. Por isso, enquanto não sai um post redondinho compilando essas atrações num roteiro sugerido (eu prometo que um dia ele sai!), você pode planejar a sua viagem lendo todos os posts que eu já fiz sobre elas clicando nos links abaixo:

A Rota do Mar e das Montanhas

O Parque Estadual da Pedra Azul

Fjordland: passeios a cavalo em Pedra Azul

Altezza: cervejaria artesanal em Pedra Azul

O socol do Sítio Lorenção

Fazenda Carnielli: o agronegócio do agroturismo de Venda Nova

Arvorismo em Venda Nova do Imigrante

O agroturismo de Venda Nova do Imigrante

A riqueza de Venda Nova do Imigrante

Festa da Polenta em Venda Nova

Cila e Claudia: as “tias” do agroturismo de Venda Nova

A massa do Valsugana (Restaurante Valsugana)

Alecrim Dourado! (Restaurante Alecrim)

Pousada Rabo do Lagarto: charme e romantismo em Pedra Azul

Pedra Azul e Domingos Martins: o relato da Eda

Orquidário Caliman

Trem das Montanhas Capixabas: como é o passeio?

Trem das Montanhas Capixabas: informações básicas

* Em parceria com o Booking.com, todas as reservas feitas através dos links citados neste post geram comissão para o blog, sem que você pague nada a mais por isso. É uma forma de ajudar a manter o blog sem qualquer custo para você!

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Comentários

  1. Anônimo
    19 ago 2015

    Parabéns, Tiago. Mais um excelente relato recheado com lindas imagens.

    • 26 ago 2015

      Poxa, “Anônimo”! Só faltou se identificar… 🙂
      Mesmo assim obrigado pelo elogio! 😉

  2. 23 ago 2015

    Ah, esse céu azul capixaba. Que fotos lindas, que post maravilhoso. Vou compartilhar!

  3. Bóia
    31 ago 2015

    Oi, Tiago. Tudo bem? 🙂

    Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
    Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

    Até mais,
    Bóia – Natalie

  4. 03 set 2015

    Vou ficar esperando o tal roteiro sugerido pra poder planejar minha viagem por essa região. 😉

    • 15 out 2015

      Pra vcs eu faço questão de fazer um roteiro personalizado, Camila! É só marcar. 😉

  5. Anderson Freitas
    05 set 2015

    O lugar é maravilhoso fiz um tour com o Dodo Transporte e conhecemos quase toda região serrana, para conhecer tudo seria necessario no minimo uns 3 dias, mas tudo que vimos em companhia do proprio Dodô foi maravilhoso, os capixabas estao de parabens, o estado é lindo, Domingos Martins no geral é outro mundo, cultura entao nem se fala, fomos muito bem recebidos por todos, paisagens exeberantes, gente vale a pena conhecer este lugar, mas sempre com agasalhos pois é um pouco frio. Adorei e indico a empresa acima citada.

  6. 04 abr 2016

    Que lindo! Amei!

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